junho 02, 2014

As contribuições do Movimento Hizmet ao multiculturalismo e paz global

O Movimento Hizmet foi iniciado na década de 1970, na Turquia, com intuito de melhorar a educação e se transformou em um movimento cívico global que encoraja o diálogo interreligioso e intercultural. Ele é inspirado pelas ideias de Fethullah Gülen, listado pela revista Foreign Policy como “maior intelectual do mundo”. Gülen – erudito, educador e autor que defende uma versão moderada do Islã – é conhecido pela frase: “Um terrorista não pode ser muçulmano, assim como o verdadeiro muçulmano pode ser terrorista”. Ele diz que “O extremismo será freado e a tolerância será promovida por meio da educação”.

Compaixão e amor são conceitos centrais nos ensinamentos de Gülen. Fethullah Gülen promove tolerância e perdão como valores islâmicos centrais e acredita que a coexistência pacífica não está longe. Ele se refere, com frequência, às harmoniosas relações interreligiosas existentes no Império Otomano para enfatizar o diálogo intercultural e interreligioso. O Império era composto não apenas por muçulmanos, mas também por cristãos, judeus e alguns zoroastristas. Até a emergência dos estados nacionais modernos, esses grupos viveram juntos pacifica e produtivamente durante o período otomano.

O conceito de compaixão nos ensinamentos de Gülen é um dos princípios mais importantes na percepção dele sobre educação. De acordo com a tradição em que Gülen foi criado, não importa quão pequena uma criatura seja, ela louva a Deus em sua própria linguagem e, portanto, merece o devido respeito e compaixão. Gülen diz:
“Compaixão é o começo da existência; sem ela, tudo é caos. Tudo veio a existir por meio da compaixão e por causa dela continua a existir em harmonia [...] tudo fala sobre compaixão e promete compaixão. Por isso, o universo pode ser considerado uma sinfonia de compaixão. Todos os tipos de vozes proclamam compaixão, portanto, é impossível não percebê-la e é impossível não sentir a ampla misericórdia que envolve a tudo. Infelizes são as almas que não percebem isso [...]. Seres humanos têm a responsabilidade de mostrar compaixão a todos os seres vivos como um pré-requisito de ser humano. Quanto mais uma pessoa demonstra compaixão, mais enaltecida se torna. Quanto mais uma pessoa recorre à maldade, opressão e crueldade, mais desonrada e humilhada se torna, transformando-se em vergonha para humanidade.”
Gülen demonstrou sua própria humildade quando se encontrou com o Papa João Paulo II em fevereiro de 1998. Após o encontro, ele foi criticado por um grupo de jovens islamistas que clamavam que ele não deveria ter se humilhado a ir ao Vaticano encontrar o Papa. Gülen respondeu, “Humildade é um atributo dos muçulmanos e o diálogo com pessoas de outras tradições religiosas é uma parte integral do Islã”.

Gülen se apegou à ideologia de Jalal ad-Din Rumi para esse propósito. O poeta Rumi foi fundador do Sufismo. Porém, Gülen nunca foi um seguidor da filosofia sufista, ou “Tariqat”, nem acredita que a adesão de muçulmanos a ela seja obrigatória. Ele seguiu os ensinamentos do Alcorão e pregou o “hizmet” (em turco), que significa “bem comum” a ser praticado aos irmãos que seguem os Livros revelados pelo próprio Allah [Deus], por exemplo, judeus, cristão e a humanidade como um todo (essa é uma tarefa outorgada aos muçulmanos por Allah, o Todo-Poderoso).

Na última seção de seu trabalho “A Necessidade de Diálogo Interreligioso”, Gülen menciona quatro valores universais fundamentais sustentados pela religião e que, portanto, devem ser promovidos em diálogos interreligiosos: amor, compaixão, tolerância e perdão. Essas quatro palavras são assuntos-tópicos importantes no diálogo entre pessoas, pois oferecem ensinamentos espirituais profundos com relação a esses valores.

Publicado, em inglês, em fethullah-gulen.org
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