dezembro 20, 2013

Os Três Maiores Inimigos: Ignorância, Pobreza e Desunião

Cemil Genç

Fethullah Gülen afirmou que os três maiores inimigos da sociedade são a ignorância, pobreza e divisão interna (separatismo), e inspirou pessoas a considerarem a aplicação de algumas soluções práticas.

A Solução de Gülen para Ignorância

A ignorância é o problema mais sério e pode ser combatido através da educação, que sempre foi a maneira mais importante de serviço aos outros. Fethullah Gülen encoraja pessoas a servirem à humanidade por meio da educação, atividades interculturais e inter-religiosas, em esforços e projetos formais e institucionalizados. Para Fethullah Gülen, a educação é o veículo para mudança mais efetivo – não importa se na Turquia ou no exterior, ou se as pessoas têm sistemas que funcionam ou não – a solução para cada problema na vida humana, afinal, depende da iniciativa e capacidades dos próprios seres humanos. Em sua vida pública, Gülen ensinou que aprender é uma obrigação de todos os humanos e “cumprindo esta tarefa alcançamos uma posição de verdadeira humanidade e nos tornamos um elemento benéfico da sociedade”. Gülen não trata somente da educação infantil, em seus escritos, mas da educação de todos. Os participantes do Movimento veem a si mesmos como aprendizes, tentando se aprimorar o tempo todo, e o tema dominante do Movimento é o esforço pelo aperfeiçoamento de si próprio. A filosofia educacional de Gülen deriva de sua fé e, em sua opinião, conhecimento científico e religioso são partes essenciais e complementares de um todo. Participantes do Movimento Gülen apoiam esta síntese de conhecimento racional e religioso. Consequentemente, escolas inspiradas por Gülen valorizam a ciência e a matemática. A maioria destas escolas têm excelente tecnologia da computação e laboratórios de ciências. [1]

O apoio às atividades educacionais do Movimento Gülen deriva de valores comuns entre as escolas e comunidades que servem e é reforçado pelos benefícios imediatos obtidos por estudantes e famílias em termos de relações sociais melhoradas e altos padrões acadêmicos. Da perspectiva da teoria organizacional, valores compartilhados legitimam líderes locais, formais e informais, aos olhos de comunidades reunidas em torno de uma organização, já que o uso do poder normativo para influenciar é, invariavelmente, visto por aqueles sujeitos a ele como legítimo e evoca um compromisso moral.

Para combater a ignorância através da educação, Gülen e seus seguidores abriram muitas escolas e instituições de ensino da Europa à Ásia Central, da África ao Extremo Oriente. Estas escolas servem a todas as pessoas, independentemente de raça, cor ou religião. Nestas escolas, alunos de todas as culturas aprendem valores universais e ética, juntamente, com ciências modernas.

A Solução de Gülen para Pobreza

Não opinião de Gülen, a pobreza é mitigada através da aplicação correta de trabalho e capital a serviço de outros. Fethullah Gülen encoraja pessoas a combaterem este problema em uma escala maior e a pessoas iluminadas a formarem organizações como Tuskon e a Associação Kimse Yok Mu.

O Movimento Gülen luta contra pobreza com a Associação Kimse Yok Mu, seu principal canal de socorro e ajuda. O princípio do voluntariado é a base dos sistemas de trabalho da Associação Kimse Yok Mu. Todos os tipos de atividades de socorro, assim como várias organizações nacionais e internacionais para distribuição de ajuda, são mantidas por voluntários da Kimse Yok Mu. Voluntários têm parte ativa em todos os processos das atividades da associação, desde o planejamento até a implementação [2]. Apesar de a Associação Kimse Yok Mu ter sido iniciada para tratar a questão da pobreza na Turquia, seus esforços, rapidamente, passaram ao campo internacional de socorro e ajuda. Após o terremoto marinho, no Oceano Índico, que resultou no tsunami que devastou partes da Indonésia, Sri Lanka, Índia e Tailândia e provocou a morte de mais de 128.000 pessoas somente na Indonésia, a Kimse Yok Mu foi uma das primeiras agências internacionais a providenciar auxílio de emergência e se engajar no esforço de reconstrução da região. Kimse Yok Mu iniciou uma campanha para levantar fundos para a região afetada e a entrega de roupas, alimentos e medicamentos para aqueles que haviam sido levados para abrigos provisórios, além disso, forneceram produtos químicos para purificação de água potável. A associação financiou o reparo de casas e escolas e reativou uma das escolas destruídas pelo tsunami [3]. Kimse Yok Mu, também, ajuda famílias necessitadas, distribuindo roupas, alimentos e medicamentos nas Filipinas, Paquistão, Etiópia, Mongólia, Sudão e Quênia. Até 2007, programas de auxílio administrados pela Kimse Yok Mu haviam alcançado 37 cidades, na Turquia, e 42 países em todo o Mundo. Apesar de a maioria deles estarem no Oriente Médio, Ásia e África, a Kimse Yok Mu, também, executou programas de ajuda e socorro em seis países europeus e no Peru, América do Sul.

A TUSKON foi criada no início da década de 1990 por empreendedores que tinham um senso de responsabilidade social, eram sensíveis aos problemas do país e decidiram formar associações em diversas cidades. Estas associações foram fundadas para fazer com que pequenos e médios empreendedores, que formam o esteio da economia turca, assim como grandes empresas pudessem se desenvolver e expandir para mercados internacionais, em uma economia dinâmica e variada. A Tuskon realizou sua primeira conferência como uma ponte para o comércio internacional, três anos atrás, com foco nas nações Africanas. Desde então, tem promovido eventos similares tendo como alvo a região do Pacífico Asiático e Eurásia. Quando a organização foi abordada sobre a promoção de conferências do mesmo tipo com outras regiões, decidiu organizar uma cúpula sobre comércio global aberta a todos. A estratégia turca de desenvolver laços com nações africanas tem se mostrado útil, já que, agora, companhias turcas estão sofrendo com a recessão na Europa e países vizinhos. Durante a conferência Turkey World Trade Bridge 2009 (Turquia, Ponte para o Comércio Mundial 2009), realizada em Istambul, na Turquia, entre 2 e 5 de junho de 2009, mais de 3.000 empreendedores turcos encontraram cerca de 2.300 representantes de empresas de 135 países. Os laços da Turquia com a África resultaram no estabelecimento de 12 embaixadas africanas em Istambul, um crescimento três vezes maior que alguns anos atrás.

A Solução de Gülen para Separatismo

Hoje, uma das formas mais perigosas de separatismo é a divisão étnico-racial. Num momento em que o mundo está, gradualmente, se tornando uma pequena vila, nações deveriam se juntar para estabelecer união e objetivos universais que apelem a pessoas em todo o mundo. Este tipo de separatismo é difícil de entender. É um comportamento desnecessário e perigoso.

Na opinião de Gülen, divisões internas e separatismo são combatidos com esforço, paciência, tolerância e diálogo pela união. Para Gülen, tolerância e confiança se reforçam mutuamente: tolerância é a aceitação de diferenças que surgem de diálogos voltados à ampliar os objetivos de cooperação. Tolerância é baseada na ideia de caridade e amor. É, portanto, um dever. [4]

A abordagem de Gülen: de seu ponto de vista, a prática da tolerância para com os outros deve ser um componente da devoção religiosa do indivíduo. Gülen argumenta que as verdadeiras marcas da religião, como conexão entre a humanidade e Deus, deveriam beneficiar a toas as pessoas e não consentir para discriminação e violência. Neste ponto, ele está em sua fase mais poética ao conectar as dimensões religiosas do amor às obrigações éticas de tolerância e cuidado para com o outro. Não opinião de Gülen, não há conceito religioso maior do que amor, não há ação maior do que amar: “Amor é o elemento mais essencial de qualquer criatura, é a luz mais radiante e o maior dos poderes; capaz de resistir e superar a tudo”. A verdadeira religião é, portanto, como passamos de simples seres humanos a seres humanitários. Desta forma, Gülen ensina, pessoas espiritualizadas são abertas ao fluxo divino.

De acordo com Gülen, o diálogo é uma consequência natural do humanismo. O Sr. Gülen define humanismo como uma doutrina de amor e humanidade. Ele alerta sobre uma compreensão desequilibrada de humanismo, por exemplo, uma que mal interprete jihad e veja não-muçulmanos como antagonistas. O humanismo de Gülen se opõe à uma abordagem jihadista fanática da humanidade, ao invés disto, pretende trazer de volta o “amor de toda humanidade”. Para Gülen, a humanidade é o ser mais valioso do universo, pois é o maior espelho dos nomes e atributos de Deus. Todo ser humano é dotado da capacidade de espelhar a natureza divina e pode desenvolver uma excelência maior que o universo. Assim, em primeiro lugar, todos os humanos são iguais como espelhos dos atributos de Deus, independentemente de religião, raça, condições financeiras e status social. Segundo, desde que todos os humanos são criados pelo amor do Criador, amor é o elemento essencial da humanidade. Estes conceitos de igualdade, amor e humanidade são a base do humanismo de Gülen e servem como princípios fundamentais do Movimento Gülen. [5]

A visão de Gülen sobre devoção e tolerância está ligada ao entendimento islâmico da importância da educação como elemento necessário do compromisso religioso. Como vemos confirmados nos trabalhos de Gülen, os objetivos do diálogo inter-religioso estão relacionados à educação e remoção da ignorância. O diálogo inter-religioso nos ajuda a entender como podemos aprender sobre crenças religiosas e espirituais de outras pessoas, ao mesmo tempo que aprendemos mais sobre nossas próprias crenças religiosas e identidade espiritual.

“O Sr. Fethullah Gülen é o mais influente representante do amor, tolerância e diálogo, hoje, em nosso mundo. No ocidente, especialmente nos Estados Unidos, um número cada vez maior de estudiosos descobrem que Gülen é um homem de amor e tolerância e consideram seus ensinamentos um modelo de diálogo entre religiões, culturas e civilizações.” [5]

Referências

[1] “Fethullah Gülen’s Philosophy of Education in Practice” (A Filosofia de Educação de Fethullah Gülen, na Prática). Ruth Woodhall
[2] http://www.kimseyokmu.org.tr/
[3] “Islam in the Age of Global Challenges: Alternative Perspectives of the Gulen Movement” (Islã na Era dos Desfios Globais: Perspectivas Alternativas do Movimento Gülen). Dr.Thomas Michel. RUMI FORUM’s conference Georgetown University, Washington DC, 14-15 de novembro de 2008. http://www.thomasmichel.us/kimse-yok-mu.html
[4] “Defending Religious Diversity and Tolerance in America Today: Lessons from Fethullah Gülen” (Defendendo a Diversidade Religiosa e Tolerânica na América, Hoje: Lições de Fethullah Gülen). Reverendo Loye Ashton, Ph.D., Millsaps College
[5] “Gülen, the most important figure of tolerance and dialogue” (Gülen, a figura mais importante em tolerância e diálogo). Dr. Heon C. Kim, Temple University, Philadelphia Interview, Today's Zaman, 25 de julho de 2010.
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